quarta-feira, julho 02, 2008

 

PAREÇO MODERNO – Mais cerebral do que eletrônico


O grupo paulistano Cérebro Eletrônico, um dos vários grupos paralelos dos integrantes do Jumbo Elektro, lançou seu segundo álbum com o irônico título de “Pareço moderno” e apresenta um caldeirão sonoro de vários estilos e cheio de citações.
Deve ser uma árdua tarefa para o jornalismo cultural tentar definir o som deles, principalmente nesse novo trabalho, que celebra a diversidade musical, indo do Tropicalismo revisitado, ao moderno Indie-rock, com direito a incursões pela Bossa-nova às avessas e a MPB de vanguarda.
A ironia já se apresenta na faixa título, que tem um climão psicodélico, mas o timbre de voz utilizado por Tatá Aeroplano nessa música tem muito dos artistas clássicos da música brega brasileira.
A principal diferença de “Pareço Moderno” em relação a “Onda híbrida ressonante”, é que enquanto no disco de estréia predominavam as programações eletrônicas e as batidas “Drum’n’bass”, no novo álbum o grupo optou por fazer um som mais orgânico, dando uma nova textura à sua sonoridade, usando efeitos eletrônicos apenas como elementos acessórios em algumas músicas.
Um bom exemplo disso está na ótima “Bem mais Bin que Bush”, um rock com pegada dançante, que lembra Beck, recheada de efeitos e ruídos eletrônicos.
Já em “Mar Morro” surge uma sutileza Tom-jobiniana, em belos versos e na suavidade de sua melodia, com as participações de Tulipa Ruiz e Helena Rosenthal nos vocais.
“Dê” é uma regravação do primeiro disco, que despida das eletroniquices se transformou numa deliciosa balada que exalta a paixão e a sacanagem, e guarda alguma semelhança com a voz de Caetano Veloso.
Tem espaço para tudo na irreverência da banda: Em “Os astronautas” há uma boa dose de humor-negro, enquanto que em “Me atirar na orgia” descamba para uma sátira (ou homenagem?) repleta de referências a Raul Seixas.
Em “Antes eu tivesse escolhido conviver só com a minha guitarra”, vem à tona aquela levada new wave, característica do Jumbo Elektro, inclusive essa música faz parte de seu repertório, nas apresentações ao vivo do grupo.
“Talentoso” é uma bossa-nova hilária, de autoria de Júpiter Maçã, onde um sujeito tem a “ingrata missão de imitar João Gilberto” para impressionar uma garota e demonstrar todo o seu talento.
O álbum se encerra com “Sérgio Sampaio volta”, que deixa uma certa aura nostágica, em tom de reverência, em homenagem ao artista “maldito” da MPB.
Conheça mais no www.myspace.com/cerebroeletronico e se jogue na orgia musical que eles promovem.

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