quinta-feira, novembro 01, 2007

 

Porcas Borboletas- Um carinho com os dentes


Subversivos? Anárquicos? Irreverentes? Poetas? Tudo isso e muito mais...

É uma experiência um tanto surpreendente ouvir o disco de estréia do Porcas Borboletas, grupo mineiro, da improvável cidade de Uberlândia (Improvável porque é o lugar de onde menos se espera que fosse aparecer um grupo com uma proposta tão diferenciada).

A Banda existe há 7 anos e já é bem conhecida do público que acompanha os grandes festivais de Rock pelo país, por onde já tocaram e chamaram atenção por suas performances incendiárias e irreverentes, cortesia de Enzo Banzo (Guitarra/vocal), Danislau Também (vocal-percussão), Moita Mattos (Guitarra), Rafa Rays (baixo), Vi Vicious (Bateria) e Ricardim (Voz/percussão).

Pode-se dizer que é uma banda de rock, pois as guitarras estão presentes em quase todas as 16 faixas de “Um carinho entre os dentes”, mas a criatividade deles vai muito além disso.

Há uma diversidade musical que varia da MPB de vanguarda, ao samba-canção, com improvisações jazzísticas, psicodelia, tropicalismo e o que mais der na telha dessa trupe maluca, que utiliza uma linguagem debochada, sem cair na esculhambação de grupos engraçadinhos, em composições que valorizam a poesia marginal de Danislau e Enzo.

“Vernissage”, a primeira faixa do CD, mostra um som fragmentado, totalmente fora dos padrões convencionais, com uma letra inusitada, carregada de “mineirices” como “Vim atrás do vin (Vinho), mas vin que é bão não vi/ Que que cê vei vê? / Vernissage”.

Em Santa Manca há um riff de guitarra à la Black Sabath e um vocal alucinado, extravasando todo o tesão incontido por “Aquela menina”.

O lado festeiro da banda surge em “Cerveja”, que nos brinda com a sabedoria de versos como “é melhor dizer: Amor acabou a cerveja / Do que chorar, Cerveja acabou o amor” e também em “Lembrancinha” onde um jovem demonstra seu descontentamento em ganhar um tênis dos pais e manda essa: “Ah, se eu pudesse escolher, eu preferia um Nike”.

A parceria com Arnaldo Antunes em “Eu”, resulta em uma das mais belas canções do disco.

Interessante também é a (des)construção de “C’antiga”, feita em cima de uma ladainha de capoeira de Angola, citada por Caetano Veloso em “Triste Bahia”, que os Porcas Borboletas adaptaram genialmente e imprimiram a sua marca pessoal.

O disco pode ser ouvido no site da banda www.porcasborboletas.com.br – Vale muito a pena conferir.

Recomendado para quem gosta de Mutantes, Novos Baianos, Tom Zé, Itamar Assumpção, Nação Zumbi e Mundo Livre S/A.


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