terça-feira, fevereiro 12, 2008

 

Um Grito contra o conformismo e a mesmice



De tempos em tempos é preciso dar uma sacudida no cenário roqueiro em lugares que sofrem de uma certa carência de espaços para as bandas mostrarem suas caras, divulgarem seus trabalhos e serem inseridas no circuito.
O Grito do Rock confirmou que se pode fazer muito com pouco, tendo sido realizado em quase 50 cidades, num evento integrado, independente e de proporções internacionais, incluindo as cidades de Buenos Aires, na Argentina e Montevidéu, no Uruguai, tudo isso sem o envolvimento de grandes patrocinadores.
A edição do Grito no ABC provou que, há sim um espaço para difundir toda essa produção musical, e que existe um público que está cada vez mais disposto a freqüentar esses eventos e conhecer novas bandas com um trabalho autoral, quebrando aos poucos aquela cultura instituída na região de apenas haver espaço para bandas “cover”.
O Cidadão do Mundo deu um passo importantíssimo no sentido de inserir a região do ABC no circuito dos festivais independentes, com uma boa organização, não houve grandes atrasos entre um show e outro, a programação seguiu pontualmente os horários marcados.
Mas o principal atrativo do evento foram as bandas, que fizeram apresentações cheias de energia e carisma, com a participação entusiasmada do público.
Deize Confusa abriu o Festival, com seu Rock Alternativo influenciado pelo Hard Rock, porém sem as limitações do gênero, abrindo um leque de possibilidades em seu som.
Já o Gás demonstrou bastante vigor, com seu rock cru, garageiro e altamente visceral, apenas aquecendo para o que viria a seguir com o Projeto Trator e Korova’s Vellocet, que acrescentaram mais peso ao evento, destilando boas doses de Stoner Rock.
O show da banda Pedra foi um dos momentos altos do Festival, apresentando um hard rock setentista, muito bem executado por músicos veteranos da cena roqueira, velhos conhecidos de grupos como Patrulha do Espaço e Ave de Veludo, que impressionaram bastante por sua competência no palco.
Os Confetts atraíram um público mais juvenil, com suas canções que remetem a Los Hermanos, preparando o terreno para a entrada dos Garotas Suecas, que fizeram um dos shows mais instigantes até então, com seu rock sixties dançante, mesclando Jovem Guarda com rock garageiro e agradou bastante, arrebanhando novos fãs.
Daí em diante, o Festival estava entregue aos Kães Vadius, banda que fechou o primeiro dia do Festival e tocou como um time que está jogando em casa, com a torcida em peso apoiando.
O resultado foi uma goleada de clássicos do psychobilly nacional, para delírio de seu público fiel, que se degladiava em frente ao palco, em um pogo insano e que em determinado momento levou a nocaute o Deni, um dos organizadores do evento, que foi atingido no rosto com um soco, desferido por um fã mais violento da banda. Coisas que infelizmente ainda acontecem nesse tipo de show...
No domingo o evento seguiu uma linha mais “pesada”, com bandas que prezam por um bom barulho, na linha Hardcore, Trash/Death Metal, e a "turma das calças pretas" compareceu em peso.
Nesse dia, pude conferir apenas ao ótimo show do Zefirina Bomba, banda natural de João Pessoa-PB e confesso que fiquei impressionado com a performance dos "moleques", que apesar da pouca idade, fazem um som de gente grande, soando como se fossem uma versão nordestina do Nirvana ou Mudhoney, mas que alternam a pegada do Grunge com o proto-punk dos Stooges e MC5.
No final, além do saldo positivo e aprovação do público, ficou claro que há um grande potencial na região para este tipo de evento e que o Cidadão do Mundo veio preencher esta lacuna, provando estar preparado para organizar novos festivais.
As bandas precisam de um evento como esse e o público roqueiro agradece.

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